Brasileiras estão mais obesas
Dados do Ministério da Saúde
mostram que, nas capitais, obesidade atinge 14% das mulheres. O número aumentou
22% em quatro anos
Priscilla Borges, iG Brasília | 21/06/2010
19:23
A falta de hábitos saudáveis – dieta equilibrada e exercícios
físicos regulares – tem aumentado o número de pessoas com peso acima do ideal
no País.
Quase metade da população brasileira tem excesso de peso
(46,6%). O que mais preocupa é que os índices que mais crescem são os da
obesidade. As mulheres são as mais afetadas.
A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2009, divulgada nesta
segunda-feira (21/6) pelo Ministério da Saúde, revela que a obesidade atinge
13,9% da população. A maior concentração de obesos está na população feminina:
14%.
A maior prevalência de mulheres obesas está na faixa etária de 55 a 64 anos (21,3%), mas, em
um ano, a faixa etária em que a obesidade se tornou mais presente é a mais
jovem, de 18 a
24 anos. Em 2008, 3,5% das jovens com essas idades estavam obesas. Em 2009, o
número quase dobrou.
Percentual de mulheres obesas
no Brasil
Dados do Ministério da Saúde sobre obesidade feminina por faixa
etária em 2009 (em %)
O índice sobe a cada ano. Em 2006, quando o levantamento começou
a ser feito, o percentual de mulheres com obesidade era de 11,5%. O crescimento
em quatro anos foi de 22%. De modo geral, 42,3% das brasileiras têm peso acima
do ideal. Entre os homens, 51% estão acima do peso e 13,7% obesos.
Para a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não
Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, os resultados apresentam
um cenário preocupante. “Os números são uma estimativa muito próxima da
realidade do País. Há uma ascensão do aumento do sobrepeso em todo o mundo
desde a década de 70, mas o crescimento nesses quatro anos é muito
significativo”, afirma.
Amélio Fernando de Godoy Matos, endocrinologista e membro da
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
(Abeso), afirma que os resultados não surpreendem, mas preocupam. “Essa é uma
tendência secular no Brasil. Vivemos uma transição nutricional, em que o
aumento do poder aquisitivo da população muda os hábitos”, diz.
Hábitos nada saudáveis
Amélio explica que as pessoas passaram a comprar mais produtos que tendem a aumentar o sedentarismo, como televisões e carros. Além disso, aumentam o consumo de alimentos doces e industrializados. “É preciso entender que o fenômeno nutricional não é puramente alimentar. É sociocultural. Apesar de terem maior poder aquisitivo, as pessoas não são educadas a ponto de saberem prevenir o problema da obesidade”, ressalta o endocrinologista.
Amélio explica que as pessoas passaram a comprar mais produtos que tendem a aumentar o sedentarismo, como televisões e carros. Além disso, aumentam o consumo de alimentos doces e industrializados. “É preciso entender que o fenômeno nutricional não é puramente alimentar. É sociocultural. Apesar de terem maior poder aquisitivo, as pessoas não são educadas a ponto de saberem prevenir o problema da obesidade”, ressalta o endocrinologista.
Os dados do Vigitel, segundo Deborah Malta, mostram que as
causas genéticas da obesidade não representam a maioria dos casos de sobrepeso.
“Apenas 14,7% dos entrevistados admitiram praticar exercícios físicos em níveis
adequados”, comenta. As conseqüências impactam o atendimento no SUS. De acordo
com a pesquisa, 24,4% da população foi diagnosticada com hipertensão arterial e
5,8% com diabetes.
Na avaliação do representante da Abeso, os casos de diabetes no
País podem estar subestimados pela pesquisa. “Pelos estudos feitos nos últimos
anos, imagino que esse índice é de 10%. O estudo é baseado em autodeclaração e
muita gente não compreende a doença”, diz.
Nas capitais
O estudo, realizado com 54 mil adultos em todas as capitais por meio de entrevistas por telefone, mostra que houve mudanças nas capitais que mais têm mulheres obesas. Em 2008, Macapá liderava a lista. Agora, é Campo Grande.
O estudo, realizado com 54 mil adultos em todas as capitais por meio de entrevistas por telefone, mostra que houve mudanças nas capitais que mais têm mulheres obesas. Em 2008, Macapá liderava a lista. Agora, é Campo Grande.
Obesidade entre mulheres brasileiras
Dados mostram as capitais com maior índice (em %) de mulheres
com mais de 18 anos e que apresentavam IMC maior ou igual a 30 kg/m² em 2009
Os especialistas garantem que, para combater o fenômeno da
obesidade, diferentes ações terão de ser realizadas simultaneamente. O
investimento em programas de estímulo à prática de atividades físicas não
funcionará sem ações educativas nas escolas, por exemplo. “A educação para
saúde é essencial. Esse é um problema sério mundial”, afirma Deborah.
Amélio concorda que a educação é fundamental. “Informar não é
educar. As campanhas são importantes, mas é preciso uma política de governo de
educação intensa”, comenta.
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