Ao se preocupar com açúcar,
lembre-se de todos os tipos
Açúcar feito de milho ocupa
posição de vilão na dieta, mas pode ser tão prejudicial quanto qualquer outro
tipo
Você se preocupa com o xarope
de milho de alto teor de frutose em sua dieta?
Se a resposta é sim, você não
está sozinho. Cerca de 55% dos norte-americanos listam o produto entre suas
preocupações com a alimentação segura, segundo a empresa de pesquisa de consumo
NPD Group.
Como resultado, os fabricantes de
alimentos estão refazendo receitas de décadas atrás, eliminando o xarope de
milho usado para adoçar produtos como ketchup e bolachas, e substituindo-o por
beterraba ou cana de açúcar. Em contrapartida, a Associação dos Refinadores de
Milho sugeriu, na semana passada, alterar o nome do ingrediente para “açúcar de
milho”, esperando que um novo apelido ajudasse a reconstruir a imagem do
produto.
Porém, a maioria dos cientistas
da nutrição afirma que a angústia do consumidor a respeito desse adoçante é
mal-direcionada. Apenas a metade do açúcar acrescentado à dieta dos americanos
vem de fontes de milho. Hoje, as calorias do açúcar representam 16% das
calorias consumidas pelos americanos, um aumento de 50% desde a década de 1970.
O alto consumo de açúcar já foi ligado à obesidade e a outros problemas de
saúde.
“Acho que os consumidores foram
iludidos a pensar que o xarope de milho de alta frutose é mais prejudicial”,
disse Michael Jacobson, diretor executivo do Centro para Ciência no Interesse
Público, um grupo de interesse. “Do ponto de vista químico, ele é
essencialmente o mesmo que o açúcar. O mais importante é que deveríamos
consumir quantidades muito menores, tanto de açúcar quanto de xarope de milho”.
O xarope de milho e a sacarose,
também conhecida como açúcar de mesa, são feitos com aproximadamente a mesma
quantidade de glicose e frutose. A Associação Dietética Norte-Americana diz que
os dois tipos de açúcares são “equivalentes da perspectiva nutricional” e
“indistinguíveis” ao serem absorvidos na corrente sanguínea. A Associação
Médica Norte-Americana declarou ser “improvável que o xarope de milho contribua
mais para a obesidade, ou outras condições, do que a sacarose”.
Confusão
Confusão
Grande parte da confusão acerca
do xarope de milho surgiu com um artigo de 2004 na publicação “American Journal
of Clinical Nutrition”, sugerindo que as crescentes taxas de obesidade estariam
relacionadas ao aumento do consumo de xarope de milho de alta frutose em bebidas.
O principal autor, Dr. George A. Bray, disse numa entrevista
na semana passada que a verdadeira questão abordada pelo estudo era o consumo
excessivo de todas as bebidas adoçadas, mas que o artigo foi distorcido como
uma acusação exclusiva ao xarope de milho. Bray aponta que a frutose absorvida
em grandes quantidades de açúcar comum e de xarope de milho é igualmente
prejudicial. “Açúcar é açúcar”, disse Bray, professor de medicina do Centro de
Pesquisa Biomédica Pennington, em Baton Rouge , Louisiana.
Bray explicou que, embora o xarope de milho não seja mais prejudicial do que o açúcar comum, o enfoque no ingrediente atraiu atenção para o abuso de açúcar na dieta americana.
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Bray explicou que, embora o xarope de milho não seja mais prejudicial do que o açúcar comum, o enfoque no ingrediente atraiu atenção para o abuso de açúcar na dieta americana.
“Isso nos permitiu enxergar o
rápido aumento em seu uso e iniciou a discussão sobre a crescente ingestão de
frutose”, disse Bray. “O açúcar é uma das mercadorias que nunca tiveram
excedente de produção. Nós simplesmente consumimos tudo o que é produzido”.
Experimentos
Experimentos
Porém, alguns pesquisadores
continuam levando adiante a teoria de que o xarope de milho tem um efeito mais
nefasto sobre a saúde do que o açúcar comum. Neste ano, pesquisadores de
psicologia da Universidade Princeton publicaram um relatório sobre uma série de
experimentos que rastreou o ganho de peso entre ratos machos e fêmeas que
recebiam uma ração comum para ratos, junto a acesso de 12 ou 24 horas a água
adoçada – com sacarose ou xarope de milho. Em algumas das comparações, não
houve diferenças significativas em ganho de peso entre os grupos. Entre os
ratos com 12 horas de acesso ao xarope de milho, os machos engordaram mais e as
fêmeas não. Entre os ratos com 24 horas de acesso ao xarope, as fêmeas ganharam
mais peso e os machos não.
Os pesquisadores de Princeton
dizem que os experimentos sugerem que o xarope de milho gera maior ganho de
peso do que a sacarose, ao menos em ratos, mesmo quando os animais consomem o
mesmo número de calorias no geral. Eles especulam que o corpo metaboliza as
calorias do xarope de maneira diferente da mesma quantidade de calorias no
açúcar comum, fazendo com que o corpo acumule alguns quilos a mais.
“A partir de nossas medições,
sabemos que os bebedores de xarope de milho pesavam mais após alguns meses”,
disse Bart Hoebel, professor de psicologia e autor sênior da pesquisa. “É isso
que torna a questão interessante e surpreendente”.
Porém, críticos do estudo de
Princeton afirmam que as descobertas são inconsistentes – alguns dos grupos de
ratos, no final, não mostraram diferenças em ganho de peso.
“Não consigo entender como eles
chegaram a essas conclusões”, disse Marion Nestle, professora do departamento
de nutrição da Universidade de Nova York e antiga crítica da indústria de
alimentos que escreveu sobre a pesquisa em seu blog Food Politics. “Sou cética.
Não acho que o estudo produz evidências convincentes de uma diferença entre os
efeitos do xarope de milho e da sacarose no peso corporal de ratos”.
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