Açúcar pode estar relacionado
com a hipertensão
Estudo norte-americano sugere que a ingestão elevada de frutose
aumenta a pressão sanguínea
Bruno Folli, iG São Paulo | 14/07/2010
12:42
Já não bastassem todos os
cuidados para não exagerar na dose de sal na comida, agora pode ser que a
ingestão de açúcar precise ser regulada para não gerar ou agravar quadros de
hipertensão. Ao menos é isso que sugere uma pesquisa norte-americana, divulgada
recentemente.
O trabalho foi realizado pela
Universidade de Colorado Denver, onde a médica Diana Jalal buscava identificar
mais fatores de risco adicionais relacionados com a pressão alta.
A pressão arterial ideal é de
12/8 mmHg. Quando ela é sistematicamente igual ou maior que 14/9 mmHg, a pessoa
tem hipertensão. A doença é crônica, não tem cura mas tem controle. Se não for
tratada, ela pode gerar consequências fatais, como enfarte, derrame e falência
renal.
Na pesquisa norte-americana, a
equipe de Jalal analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição,
realizada nos Estados Unidos entre 2003 e 2006. O estudo envolveu 4.528 adultos
norte-americanos com pelo menos 18 anos e nenhum histórico de hipertensão. Os
participantes do estudo responderam a questões relacionadas aos seus hábitos de
consumo de alimentos e bebidas, como sucos de frutas, produtos de padaria,
bebidas leves e doces.
Jalal descobriu que as pessoas
que consumiam 74 gramas
ou mais de frutose por dia (correspondente a 2,5 bebidas leves e adocicadas por
dia) tinham uma chance maior de ter pressão alta. A proporção era de 26% para
pressão 13,5/8,5, 30% para 14/9 e 77% para 16/10.
“Nosso estudo identificou um
fator de risco potencialmente modificável para a pressão alta. Entretanto, a
pesquisa precisa ser continuada para comprovar se a redução da ingestão de
frutose realmente seria uma forma de prevenir a hipertensão e suas
complicações”, relatou Jalal, em seu estudo.
Relação com o excesso de peso
Até hoje, nenhum estudo
estabeleceu uma relação direta entre açúcar e hipertensão. “A relação é
indireta. A pressão aumenta em obesos e em pessoas acima do peso, que chegaram
a essa condição ingerindo muito açúcar”, explica o cardiologista Fernando
Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SHB).
A ingestão exagerada de sal é
atualmente apontada como um grande problema para a pressão sanguínea. E é possível reduzir o consumo com dicas simples.
O ideal é usar uma colher de chá para toda a alimentação diária.
Mas outros fatores externos,
chamados de fatores ambientais, podem contribuir. Tabagismo, bebidas
alcoólicas, estresse e falta de atividades físicas são alguns dos agentes. Mas
também há tendência da pessoa, por questões hereditárias, e a idade avançada.
Quando a pressão está elevada
no organismo, ela fere gradualmente uma fina camada interna dos vasos
sanguíneos. Isso acontece em órgãos como cérebro, coração e rins.
O estrago é feito de forma
silenciosa na grande maioria dos casos, sem apresentar nenhum sintoma. Quando o
desgaste de um vaso sanguíneo é muito acentuado, ele pode se romper. O
resultado pode ser um derrame ou um infarto.
A hipertensão causa 40% dos
infartos e cerca de 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), de acordo com
a SBH. Por isso a doença é tão perigosa e ameaçadora. Ela pode ser fatal logo
em sua primeira manifestação.
Nas estimativas da SBH, a
hipertensão acomete cerca de 30% da população brasileira adulta. O índice salta
para 50% após os 60 anos e também está presente em 5% das crianças e
adolescentes.
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